Conheça a Inteligência Competitiva
Você sabe o que é Inteligência Competitiva? Um dos conceitos fundamentais da Gestão do Conhecimento, é a chave para que as empresas posicionem-se em um mercado tão plural quanto o que nos encontramos atualmente.
Em entrevista à Exame, o especialista no assunto, Alfredo Passos revela o caminho das pedras. Alfredo Passos é Doutor em Administração, Professor da ESPM, Coordenador da FMU, escreveu 4 livros sobre Inteligência Competitiva entre os quais “Homem no Fogão e Mulher na Gestão”. Primeiro Profissional da América Latina a ser honrado com o SCIP Catalyst Award da Strategic and Competitive Intelligence Professionals – USA. Passos deu sua visão sobre a atividade de inteligência e os reais valores que a mesma pode trazer para as empresas brasileiras.
Exame:O senhor poderia explicar os procedimentos da inteligência competitiva, como ela é desenvolvida no mundo e no Brasil?
Alfredo Passos: Inteligência Competitiva é uma técnica com metodologia, ou seja, modelos de análise para antecipar movimentos e tendências de mercado, clientes, consumidores, concorrentes e competidores, mas também minimizar riscos empresariais, de forma ética e legal. Sendo assim, toda e qualquer empresa hoje, está sujeita a ser “observada” por seus competidores, seja micro, pequena, média ou grande empresa, não importa seu setor ou ramo de atividade. Agora, uma empresa que desenvolve uma tecnologia diferenciada de prospecção de petróleo em águas profundas, então com certeza será monitorada através de seu site, revistas gerais e técnicas, palestras, conferências, seminários, relatórios, visitas, fornecedores, licitações. Além é claro da contratação de profissionais que por vezes é o meio mais rápido de transferência de tecnologia de uma empresa para outra.
Exame: As empresas brasileiras praticam Inteligência Competitiva? Em comparação com as empresas americanas e europeias, como as empresas brasileiras estão?
Alfredo Passos: Sim, as empresas que estão no mercado brasileiro, cada vez mais praticam Inteligência Competitiva. Das 1.000 empresas listadas por Melhores e Maiores – Exame, certamente 800 empresas, já tem um profissional, com alguma atividade ligada à área de Inteligência Competitiva, mas no âmbito tático, ou seja, ainda olhando o dia-a-dia. Questões de preços, que ações os concorrentes estão praticando, entre outras. Mas poucas ainda pensando nas tendências do mercado ou do setor, que é exatamente a raiz e a necessidade e razão de ser da função.
Exame: Por que uma empresa brasileira deveria desenvolver a inteligência competitiva? Que vantagens imediatas a empresa brasileira obteria?
Alfredo Passos: Diante da complexidade dos negócios, um profissional de Inteligência Competitiva pode recomendar uma estratégia para a empresa. Cada vez mais, Inteligência Competitiva é Estratégia. Quem trabalha monitorando informações internacionais e nacionais, observando movimentos, tendências de setores, elaborando análises empresariais, consegue visualizar diversas estratégias, e assim pode recomendar quais estratégias e recursos estão sendo disponíveis ou não disponíveis no mercado.
Exame: Considerando empresas e universidades, como a inteligência competitiva está se desenvolvendo no Brasil?
Alfredo Passos: Estamos nos aproximando dos primeiros 20 anos de Inteligência Competitiva no Brasil. O crescimento foi intenso, tanto em número de profissionais, como em cursos de extensão, cursos de especialização e até cursos de pós-graduação. Os sobrenomes para Inteligência, Competitiva, Comercial, Empresarial, Estratégica, Mercado, entre muitos outros, também cresceram. Agora é hora, desta diferença, começar a surgir. Enquanto nos EUA e Europa, “Competitive Intelligence”, significa Inteligência Competitiva, aqui no Brasil precisamos de vários sobrenomes para uma atividade que na verdade é entendida de várias formas ainda. Muitos destes cursos são chamados de Inteligência Competitiva, mas de Inteligência Competitiva eles não tem absolutamente nada. Apenas, são assim chamados, mas tem conteúdos de pesquisa de mercado, de tecnologia da informação, de planejamento estratégico, que até podem ser interessantes, mas passam longe das atribuições que um profissional de Inteligência precisa ter no seu background, para poder exercer, a profissão diante de tantos desafios profissionais.
Exame: Sendo o senhor um dos maiores especialistas em inteligência competitiva da América Latina, quais os cenários que o senhor prevê para o Brasil nos próximos 5 anos?
Alfredo Passos: Sou otimista, mas como os leitores e leitoras são do mundo empresarial é preciso uma reflexão para o ambiente socio cultural. O Brasil precisa de Gestão. E de Gestores que façam do país um Brasil melhor para 2017. Com escolas públicas melhores, hospitais públicos melhores, talvez ainda não com padrão FIFA, mas se diminuir o número de pessoas na fila, e menos brasileiros morrendo, já podemos nos sentir com menos culpa, pois até agora, estamos falando muito e fazendo muito pouco e com estes políticos que temos, sabemos que estes não farão nada mesmo. Então precisamos de um choque de gestão com inteligência./noticias/11/conheca-a-inteligencia-competitiva/